sexta-feira, 12 de setembro de 2014

FILMES 81 a 90.

81) The Stupid Years (Os Anos Estúpidos) – 1988. Estúpido na verdade foi a “tradução” brasileira: Adeus às Aulas. Vou citar a sinopse para entenderem. No início parece fazer sentido o título brasileiro, mas vou mostra que não. Três amigos novaiorquinos fogem do colégio antes da formatura e decidem concorrer a prêmios num programa de TV. Chegando a Los Angeles, defrontam-se com incertezas quanto ao futuro de cada um. Enfim… o título ‘Adeus às Aulas’ deixa subentendido que eles fizeram uma divertida escolha e foram tentar um futuro diferente da chatice dos estudos. Para que seguir os estudos que os pais querem se você pode fazer o seu próprio futuro? ENTRETANTO, eles perceberam que a mentalidade adolescente os fez se tocarem na burrice que tinham cometido??? Outro detalhe: dá a entender pelo título que eles concluíram os estudos, mas na verdade, fugiram. E lembrem-se que o primeiro impacto de um cinéfilo não é com a história do filme, mas sim com o título. Sendo assim, é uma propaganda enganosa. O título original não ficaria tão bonito aqui no Brasil, mas não custava manter o título ao pé da letra, além do mais, é costume nos filmes porem títulos sugestivos para comédia como a palavra ‘estúpido’, apesar de ser um filme de aventura. Resumindo, nunca vi um filme se encaixar tão bem para a história como o original, mostrando como cabeça de adolescente torna-se estúpida quando decide tomar as rédeas de seu próprio destino. Pode até parecer “estúpido” esse título real para nós, mas faz sentido. Se nos parece estranho, muda um pouco não fugindo da intenção original, mas… ‘Adeus às Aulas’? Esses tradutores… sei não viu.

82) The Sound of One Hand Clapping (O Som de Uma Mão Batendo Palmas) – 1998. Tá! Não vou negar que seria um título bem estranho. Aliás, podem esperar que daqui para frente verão muitos títulos assim nos EUA que é natural, ter títulos como se fossem frases que encontramos estudando português, que a nós nem parece título de filme e é bem estranho, todavia, mais estranho que o dos tradutores brasileiros? Adeus, Minha Filha. E eu acho até que trocaram seis por meia dúzia, pois tem o mesmo sentido de uma frase normal que estudamos na escola, apesar de a nossa ser um pouco melhor com frase, não como título. Para entender os títulos, vamos à sinopse. 16 anos depois de abandonar o lar, jovem solteira e grávida retorna à Tasmânia para rever o pai e se reformular existencialmente. Esse filme disputou com Central do Brasil pelo Oscar – Talvez, já que não assisti ao filme, o título brasileiro se refira à ida da filha, que provavelmente aconteceu nos primeiros minutos do filme (ou talvez nem tenha mostrado isso). O filme fala da volta, não ida como deixa entendido nossa escolha brasileira. E como sempre digo, o que vale aqui é a “tradução”, não se o título brasileiro (e somente o brasileiro) vá ter algo a ver com a história. Acho que De Volta ao Lar soaria melhor que o título original, que com certeza desta vez eu não optaria pelo original, mas que o título no Brasil também nada agradou.

83) Trojan War (Guerra de Troia) – 1997. Quando finalmente se vê prestes a transar com a colega que mais deseja, um rapaz constata que está sem preservativo e sai pela noite para comprá-lo. O título deve ter algum trocadilho com a história, mas no Brasil… bem… você vê que o rapaz está passando por aventuras para encontrar a camisinha. Provavelmente lerá a sinopse, e no menos provável, verá uma propaganda sobre o filme na TV, daí, no Brasil fica: Um adolescente em Apuros. Típico daqueles títulos em que põem certas palavras para dizer o óbvio: filme de adolescente partindo finalmente para o sexo com tonalidade de Comédia. O curioso é que o título dá a entender que é um perigo se ele não conseguir transar. Desconsidere o incentivo da camisinha. Refiro-me ao sexo propriamente dito. Ele tem que transar. Ele precisa transar! Já está “velho”!!! Parabéns, tradutores. Velho sendo… Adolescente??? Valeu pelo ensinamento e incentivo. E assim caminha a humanidade.

84) Curtain Call (Cortina Chamado) – 1997. Como não há como traduzir essas duas palavras juntas nem sei como seria a tradução, seria algo como uma cortina funcionando como porta de passagem para chamar fantasmas. Na sinopse diz que um sócio de uma editora adquire casa habitada por fantasmas. O filme é comédia, mas comédia mesmo foi o título brasileiro: Adoráveis Fantasmas. Podiam ter feito um jogo de palavras com o título original. Não precisava subentender no título que era filme de comédia com fantasmas. Aliás, está bem clichê essa mudança brasileira, não acham? “Fantasma”; “Adorável (eis)”. Chega de cópias!

85) Let’s Make Love (Vamos Fazer Amor) – 1960. Comédia. A sinopse é grande, não vou citar aqui, mas pelo que percebi, não entendi a do título brasileiro: Adorável Pecadora. Mas esqueçam a sinopse, o que importa é esse título preconceituoso.

86) Her Alibi (Seu Álibi) – 1989. Escritor de romances policiais tenta vencer uma crise de criatividade servindo de álibi para uma linda estrangeira acusada de assassinato. Comédia. É um título bem criativo e tudo a ver com o filme, focando no personagem e sua “inspiração”, exceto, claro, para os tradutores brasileiros. O filme no Brasil foi traduzido da seguinte maneira: Adorável Sedutora. Está focando, na verdade, a mulher que o escritor procurou. O título brasileiro inverteu a importância dos personagens. Melhor comentar mais nada. Ah! Retornamos com o “adorável”. AFF!

87) Meet John Doe (Conheça John Doe) – 1941. Esperta jornalista, usando o nome fictício de John Doe, escreve artigos com denúncias sociais que causa grande polêmica. Com o sucesso de sua coluna, ela tem que provar para um jornal concorrente e mostrar aos leitores que John Doe realmente existe. Para isso, escolhe um simpático desempregado para ocupar o lugar do misterioso personagem – Enfim, o título tem tudo a ver e cai bem até demais com a trama. Aliás, é natural nos EUA os títulos terem “Conheça Fulano de Tal”. Para nós não é tão chamativo, mas nem por isso é estranho. Essa expressão “conheça fulano de tal” é típica dos americanos, o que não sairia tão desconhecido também aqui no Brasil… mas infelizmente estamos falando de tradutores brasileiros, que acham que o título não pega bem e resolve rebatizar como Adorável Vagabundo. TÁ! Sei que tem um pouco a ver com a história também, mas VAGABUNDO está numa distância enorme (e às vezes nem tanto) para desempregado. Um desempregado não quer dizer que é vagabundo, mas um vagabundo, além de não estar empregado, não gosta de trabalho e vive nas ruas. Além do mais, Conheça John Doe tem a ver com a escritora e o desempregado e é uma abertura para toda a história e tudo a ver mesmo com tudo no filme, em outras palavras, a história se baseia nela, mas Adorável Vagabundo se fixa nele, desconsiderando a escritora. Que pisada de bola! E para finalizar… outro “adorável”? Isso não tem fim? E muitos conhecem este filme e vão preferir a mudança brasileira. Claro! Conhecem e já estão acostumados. Eu sempre gosto de pregar isso aqui: o costume. Falta agora somente a fuga, mais uma, a 18ª. Agora que estou revisando é a 18º, mas antes era a 522ª

O curioso é que esses dois filmes acima (86 e 87) são iguais em tudo: tendo um escritor; tendo um personagem secundário; tendo situações parecidas; e tendo títulos parecidos (esse último só no Brasil, claro). E por causa dos títulos brasileiros, ambos mudaram o foco principal dos personagens. PARABÉNS, TRADUTORES!

88) The Case Paradine (O Caso Paradine) – 1948. Este filme estou tentando entender até agora qual foi a dos tradutores. Observem pela sinopse: advogado famoso é chamado para defender bela mulher acusada de matar o marido milionário; durante o processo ele acaba se apaixonando por ela – O filme é de suspense, mas tem mais pitada de drama do que de suspense. O título se encaixa perfeitamente com os dois gêneros citados, mas os tradutores deram uma bela de uma cag… escorregada na versão brasileira. Aqui ficou: Agonia de Amor. Agoniado fiquei eu ao ver tal título. Com esse título mais parece mais romance ou erótico do que suspense ou drama. E temos um caso, substantivo próprio por citar. Considero Fuga de Nome Próprio, a 19ª.

89) The Big Red One (O Grande Um Vermelho) – 1980. Não sei se a tradução seria assim. Talvez seja O Grande Vermelho Único ou se refira o One ao número do soldado, enfim, só assistindo para saber. Com um título assim você não faz ideia qual o gênero dele, teria de assistir para saber. No Brasil ficou: Agonia e Glória. AAAHH!!! Agora sim! Dá para saber que possa ser filme de Guerra. E é. Aí você pergunta: “Está elogiando a tradução e criticando o original?” NÃO!!! Os títulos brasileiros têm essa mania de carregar a palavra Glória, quando se trata de filme de guerra; Louco, Maluco, Barulho, Férias etc., quando se trata de Comédia; Aventura, quando se trata de… AH! Deixa pra lá! Não sou burro! Poderiam ter mantido o título original, mas fazendo um jogo de palavras, só não precisava mudar o título e indicar que ele é de Guerra. O gênero vem na capa do filme, não precisa dizer: “Título do filme: Guerra nas Trincheiras; ou então Glórias do Passado”. Daí você diria que a escolha brasileira é um título muito melhor. O que está em jogo aqui não é o título, mas o Brasil. Se o filme fosse brasileiro, mesmo achando clichê, eu ficaria calado. O problema é que o título real não é esse e o que está em questão aqui é, como diria mesmo o título de meu Blog, “Traduções de Títulos”.

90) Hostiles Waters (Águas Hostis) – 1997. Sinopse: Na véspera de uma conferência de paz entre EUA e ex-URSS, colisão envolve submarino russo com mísseis apontados para cidades norte-americanas – Título tudo a ver com a história, principalmente por se tratar de evento acontecendo nas águas. Pena que no Brasil ficou Alerta Vermelho. Imagine se todo filme de guerra (apesar de ser esse de suspense, mas que envolve guerra) ou de suspense forem batizar como Alerta Vermelho. Só porque há perigo tem que dizer o óbvio? Se o título original fosse Red Alert mesmo eu ficaria calado, mas o problema é, como frisei no filme anterior, mudar a tradução e pôr algo óbvio, o perigo, quando no original se intitula de onde vem o perigo, que são as águas estrangeiras (no sentido de outra região, outros povos… outro exército), além de ser um título bem poético.

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